sábado, 15 de dezembro de 2012

Viajando E Escrevendo, Escrevendo E Viajando >> Roberto Carlos Maratta


Viajando E Escrevendo, Escrevendo E Viajando


Prólogo

Atrevo-me a escrever e nem sei a classificação do que escrevo. Será uma crônica, um conto, um artigo? Não sei, prefiro chamar de um singelo “texto”. Escrevo. Leio, releio e sinto vergonha do que escrevi quando me vêm à cabeça as crônicas de Rubem Braga com um vocabulário distinto e uma formalidade peculiar ou o surrealismo de Murilo Rubião que nos envolve com uma trama e, de repente, nos faz saltar do assento ao depararmos com uma passagem, um desfecho ilógico ou chocante e fechando minha analogia penso no dote de Arnaldo Jabor em transformar o trivial em arte literária.

[...]

Consinto com a cabeça.

Acordei querendo escrever algo. Muitas ideias sobre amor, saudade, Schopenhauer e universo. Abro o browser e acesso a rede social com minhas centenas de amigos virtuais que me deixam à vista frases de efeito, pedidos indiretos de bajulação, imagens escarnecedoras ou que passam a ideia de ‘bom samaritano’. Aprecio. E desvio minhas vontades: vou escrever sobre escrever!
‘A gente somos o que escrevemos. A gente se esforça mais não escrevemos tudo certo, mais concerteza o importante é que se entenda.’
Faça-me um favor, se for assim não escreva nada!
Sim, o vocabulário brasileiro é extenso e nossa gramática não é das mais simples. É difícil saber, na íntegra, todas as regras de pontuação, as colocações pronominais e ser um dicionário ambulante de regência. É difícil, mas é nosso dever enquanto brasileiros! E acreditem todos nós somos capazes disso!
Dói as vistas ler palavras como ‘mais’ ao invés de ‘mas’ ou ‘menas’ ao invés de ‘menos’ ou expressões como ‘concerteza’ ao invés de ‘com certeza’. Um detalhe interessante é que nem mesmo o Word reconhece ‘menas’ e ’concerteza’, pois o software corrige automaticamente esses erros – experimente tirar a prova disso. Também, os ouvidos são vítimas de tal holocausto linguístico tendo que suportar dizeres como ‘poblema’, ‘mortandela’, ‘beneficiente’, ‘eu trusse’ e ‘eu tavo’. O desprazer aumenta quando vemos e ouvimos pessoas que, em tese, não deveriam cometer tais erros de fala e escrita. Pessoas formadoras e influentes.
Semanas atrás foi de grande repercussão a notícia de que o Brasil está em penúltimo lugar em um determinado ranking da educação mundial e isso não poderia ser diferente tomando como base a norma inculta da Língua Portuguesa que vemos e ouvimos diariamente. Que alarmante! Que triste! E vai continuar ou até mesmo piorar. Solução? Cada um tem a sua e a minha é: leia livros. Pelo menos um por mês, de início. E existe um livro obrigatório para todo ser pensante, um livro comum a todas as áreas do conhecimento, um livro chamado dicionário. Possua um bom exemplar. Só não vale deixá-lo de enfeite na estante!

[...]

Epílogo

Em um texto ou outro, grandes escritores como Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Pablo Neruda defendem ou dão a entender que o importante é expressar-se sem ter preocupação em obedecer aos padrões normativos de linguagem. De fato, mas não são apenas as ideias, na forma escrita, que são cobradas, são? Aliás, até hoje não encontrei, sequer, uma vírgula mal colocada num texto dos nobres Pessoa, Neruda e Clarice.



P.S.: Deixo dois bons links que possuem ferramentas que nos auxiliam em nosso dever de nos expressarmos bem e corretamente.

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