Viajando E Escrevendo, Escrevendo E
Viajando
Prólogo
Atrevo-me a escrever e nem sei a classificação
do que escrevo. Será uma crônica, um conto, um artigo? Não sei, prefiro chamar
de um singelo “texto”. Escrevo. Leio, releio e sinto vergonha do que escrevi quando
me vêm à cabeça as crônicas de Rubem Braga com um vocabulário distinto e uma formalidade
peculiar ou o surrealismo de Murilo Rubião que nos envolve com uma trama e, de
repente, nos faz saltar do assento ao depararmos com uma passagem, um desfecho ilógico
ou chocante e fechando minha analogia penso no dote de Arnaldo Jabor em transformar
o trivial em arte literária.
[...]
Consinto com a cabeça.
Acordei querendo escrever algo. Muitas ideias
sobre amor, saudade, Schopenhauer e universo. Abro o browser e acesso a rede social com minhas centenas de amigos
virtuais que me deixam à vista frases de efeito, pedidos indiretos de bajulação,
imagens escarnecedoras ou que passam a ideia de ‘bom samaritano’. Aprecio. E desvio
minhas vontades: vou escrever sobre escrever!
‘A gente somos o que escrevemos. A gente se
esforça mais não escrevemos tudo certo, mais concerteza o importante é que se
entenda.’
Faça-me um favor, se for assim não escreva nada!
Sim, o vocabulário brasileiro é extenso e nossa
gramática não é das mais simples. É difícil saber, na íntegra, todas as regras
de pontuação, as colocações pronominais e ser um dicionário ambulante de regência.
É difícil, mas é nosso dever enquanto brasileiros! E acreditem todos nós somos
capazes disso!
Dói as vistas ler palavras como ‘mais’ ao invés
de ‘mas’ ou ‘menas’ ao invés de ‘menos’ ou expressões como ‘concerteza’ ao
invés de ‘com certeza’. Um detalhe interessante é que nem mesmo o Word reconhece ‘menas’ e ’concerteza’,
pois o software corrige automaticamente esses erros –
experimente tirar a prova disso. Também, os ouvidos são vítimas de tal
holocausto linguístico tendo que suportar dizeres como ‘poblema’, ‘mortandela’,
‘beneficiente’, ‘eu trusse’ e ‘eu
tavo’. O desprazer aumenta quando vemos e ouvimos pessoas que, em tese, não
deveriam cometer tais erros de fala e escrita. Pessoas formadoras e influentes.
Semanas atrás foi de grande repercussão a notícia
de que o Brasil está em penúltimo lugar em um determinado ranking da educação
mundial e isso não poderia ser diferente tomando como base a norma inculta
da Língua Portuguesa que vemos e ouvimos diariamente. Que alarmante! Que triste!
E vai continuar ou até mesmo piorar. Solução? Cada um tem a sua e a minha é:
leia livros. Pelo menos um por mês, de início. E existe um livro obrigatório
para todo ser pensante, um livro comum a todas as áreas do conhecimento, um
livro chamado dicionário. Possua um bom exemplar. Só não vale deixá-lo de enfeite na estante!
[...]
Epílogo
Em um texto ou outro, grandes escritores como
Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Pablo Neruda defendem ou dão a entender que
o importante é expressar-se sem ter preocupação em obedecer aos padrões
normativos de linguagem. De fato, mas não são apenas as ideias, na forma escrita,
que são cobradas, são? Aliás, até hoje não encontrei, sequer, uma vírgula mal
colocada num texto dos nobres Pessoa, Neruda e Clarice.
P.S.: Deixo dois bons links
que possuem ferramentas que nos auxiliam em nosso dever de nos expressarmos bem
e corretamente.
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