sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Ai, meu sono! >> Roberto Carlos Maratta


Cá estou eu. Ilhado. Afoito e desmedido, mas alegre.
Ouço meu toca-fitas, sobrevivente de guerra, convicto que som (chiado) melhor não há.
Sentado, olho os meus livros na estante e tento lembrar o que se passava na época da leitura de cada um. Muitos ainda não li e tento fazer previsões de quando poderei lê-los. Talvez possa começar agora.
Início de madrugada insone. Silêncio quase absoluto não fosse a chuva tímida que ensopa a rua. Nem música, nem poemas me atraem agora. Encaro o volume, bem antigo, de setecentas e tantas páginas de equações diferenciais e regras de cálculo numérico.
A negligência maquia toda beleza do melhor de mim. Como um enxadrista, imagino possibilidades. Tenho um tempo para decidir que jogada fazer; independente da jogada ser boa ou não, sempre terá um fim. Porém, tenho o tempo para essa escolha. O que fazer? Seguir Camus que diz que 'a vida é breve e perder tempo é burrice' ou ponderar as escolhas, esperar o momento oportuno e correr o risco deste não chegar?
Deveria haver amostras grátis de nossas escolhas; podendo assim voltar e manipular os maus resultados e livrar nossa consciência de qualquer tipo de culpa, arrependimento ou até mesmo incompetência. Pode parecer uma infelicidade a inexistência dessa ajuda existencial, contudo é uma importante forma de controlar nossa sensatez que é regulada pelo termômetro de nossas emoções.
Um período de sono é um bom regulador de emoções, porém, na falta, é sensato não fazer nada que não seja justificável.

3 comentários:

  1. Adorei o texto...deveriamos ter uma amostra gratis de nossas escolhas...seria otimo....vou pegar uma frase e postar no meu face...bjs

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    1. Fique à vontade! E obrigado pela visita; és sempre bem vinda!

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  2. oi professor muito legal essa cronica achei d+ ate quinta na aula de matematica ok xauzinhooo

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