quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Calada da Tarde Calada >> Roberto Carlos Maratta

Calada da Tarde Calada


Como nas voltas inúteis de um parafuso espanado
reconheço meu pequeno domínio.

Tarde morosa e quente que gela e dá calafrios
pairando como um falcão, a esmo, em busca de alimento
em uma selva pulsante, cheia de vida.

Percorro meus segredos na preguiça da calada da tarde calada
revirado nas sobras do silêncio do entardecer.

Posto um convite à felicidade que por vezes foi adiado
e desagrada ver o ponteiro correr deixando o tempo para trás;

Ficar a ouvir a fofoca dos pardais sobre a arte de viver
fundando-se em lendas que atormentam e desgraçam
e atenuam os embaraços e a sequidão da boca.

No chão do céu, as apagadas nuvens vagueiam tímidas, desnudas de expressão
de um dia primaveril que escalda e sufoca os suspiros
com uma servidão de silêncios entrecortados.

Perto da noite, a tarde passa a ser lembrança e despeja nas transparências do pensar e outras familiaridades as imperfeições para reflexão.

Sempre que o sempre for igual, entenderemos o por enquanto.

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