quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Nostalgia >> Roberto Carlos Maratta


Nostalgia

E de repente o brilho cessou no infinito vertical.
Um olho no olho deixou pendente o que ficou para ontem;
Deu-se de ombros e sobrou o enfeite de nossa trilha musical.
Pede aplausos, ensurdece com seu trilo marginal.
E não tem jeito.
Chega, empurra e derruba, ente bastardo e insensato;
Vem capenga, mas vem! Quer dar vida ao vurmo!
Sem pelagem, na nudez. Sem moldura, sem retrato.
Aflitivo é seu chegar trazendo maldade para o bem
E não adianta reclamar, dizer “não vem que não tem”.
Seu regresso é inevitável, já é sabido o seu surgir,
não faz rodeios, não pede permissão,
mortifica meu conforto; com justiça na conduta.
Ora é ela, ora é o sono
Ficam combinando suas permutas.
Reclamo por fazer, é velha companheira a quem escrevo
Está bem junto em epócas, sem temporadas definidas
Quando há sol que queima, quando há frio de concentrar a vida
Quando há árvores sem ornatos, quando há baile à fantasia
É senhora já de idade, madura, não vem por rebeldia.
Entre e sente-se, tenho café até para dois
Não diga uma palavra, como sempre faz. E depois
Ouça muda e entenda minhas lamúrias;
Tens que ir embora, há outros alguéns a lamentar
sobre amores e injúrias.

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