quarta-feira, 23 de novembro de 2011


Pólo positivo, pólo negativo. Um deles te atrai, outro te retrai. Tá aí uma questão que me veio à cabeça agora: Tentar viver feliz com a oposição que te atrai ou com a semelhança que te retrai? 
Roberto Carlos Maratta

No Travesseiro >> Roberto Carlos Maratta


No Travesseiro

No que se referia no todo de minha existência desde épocas geladas
Salvei-me das quedas daquele tempo cheio de lama.
Na sombra de meu esquecimento estava sempre o lembrar desses dias...
Períodos que mutilaram minha sobrevivência nos meados da dor e da traição;
Dos condenados à amizade eterna que se rebelaram e se rebelam, ainda.
É pesada essa constância, molhada e fria que faz terminar sem ter início,
 Sem ter sentidos, sem ter tido uma vida.
Alimentando crenças que fizeram reviver lendas pragmáticas
Sem sustentação em dizeres, quem diga em fazeres!
Deve ser o álcool o que parece ser emoção!
A chuva esfumaça o couro cabeludo e lava minha alma.
O pecado não aponta no horizonte
Mesmo andando a passos largos e saltitantes.
Houve uma queda em meus sonhos hoje, sonhei outra vez com o mesmo!
É passada a hora de sair das trincheiras, erguer a bandeira de paz.
Viver numa terra distante onde o comum se faz de fato.
Sem projetos de um futuro desconhecido que se desmancha em adiantamentos.
E se faz o fim! E se faz um recomeço. Outra vez um recomeço
Assim até a vida dizer chega! E recomeçar tudo com a morte.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Do Inferno

Há um inferno esperando para ser atravesssado. Cedo ou tarde, será lançada uma frequência que nos situe na terra-de-ninguém. Não há fogo para chamuscar nosso corpo; não acredito que seja um lugar concreto, debaixo da terra, como reza a mitologia. Cada um vive com seus demônios e coisas ruins que aludem ao inferno. Lendas percorrem os séculos personificando o anjo do mal; filmes, livros e, principalmente, a religião o definem das mais variadas formas: assustador, repugnante e até mesmo belo, mas sempre com o mesmo intuito de enganar e fazer o mal para as pessoas. [...]

Uma definição para inferno, de acordo com o meu velho companheiro Aurélio, é desordem, grande confusão. Tomando a fala do povo de que o inferno é aqui mesmo, na Terra! Fica algo relativo. O mundo dos homens é tão harmonioso cheio de horários e regras para tudo e caótico, ao mesmo tempo, com a teimosia e o “ser melhor” como regente. Regras... que nos transformam em robôs e escravos do papel timbrado ficando difícil por em prática os discursos filosóficos sobre o livre arbítrio. Muita asneira nos dois lados da moeda; imaginar cada um fazendo o que der na cabeça, para isso, não poderia, jamais, ter existido regras e nem dinheiro. Dinheiro! Palavrinha feia! Papel moeda fica mais bonitinho.

Vejo a vida como uma balança de dois pratos, dependendo de nós mesmos para ser justa. Tem o lado externo de nós, o mundo, o planeta em que vivemos e temos o lado interno, a nossa mente. Do mundo externo já foi feita uma retratação no parágrafo anterior. Agora, falar da mente é complicado, não tem uma receita que se possa seguir, nem mesmo o dono da mente tem pleno conhecimento e controle sobre ela em determinadas situações. Pensando sobre a relação inferno/mente, a reflexão parece fácil sobre o fato de nossas maiores desordens e confusões serem geradas a partir da mente. Há coisas que vêm “de fábrica”, que não tem como evitar, porém, existem outras que corremos atrás, gostamos de nos sentir mal, de viver no inferno. Por exemplo, quando não obtemos sucesso numa relação com a pessoa que julgávamos ser a ideal, fica o sentimento de frustração, e só, mas gostamos de ser vítima da situação, então ficamos remoendo lamentações. Carlos Drummond de Andrade colocou isso de forma clara “a dor é inevitável, o sofrimento é opcional”. Ou seja, a dor faz parte, veio programada em nós; já o sofrimento é um inferno criado por nós mesmos.

"Inferno, apenas há um. Não são os outros. Sou eu mesmo." - Jean-Edern Hallier

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pensamentos

Marcador destinado a exposição de meus pensamentos. Aquelas frases sublimes e/ou insanas que, normalmente, temos quando colocamos a cabeça no travesseiro para dormir e nos fazem refletir.


Nosso pensar é sempre cheio de teorias sem experimentações, repleto de traições e mutações longe de nossos domínios.
Roberto Carlos Maratta


domingo, 6 de novembro de 2011

Tarde em Primazia >> Roberto Carlos Maratta


Tarde em Primazia

Marcava o tempo, o badalo
De um tempo sem vento com embalo
Dos arvoredos repleto de cantos
Vizinhos do templo dos santos.

Sorrisos enfeitavam a cena
De conflitos de gostos co’a morena
Miserável em certas posturas
Desgarrado, sem pensar nas venturas.

Um sem-número de olhares pasmados
Respondidos com sorrisos e acenos educados
Fez virar uma contagem divertida
Repassando p’ra não deixar nenhuma classe esquecida.

O tempo é um deus que não tem tempo de parar
O que passou ficou guardado no passado e há de durar
Mesmo tendo um não querer em resposta a um querer
Louvar a vida, pois deslizes são partes do crescer.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Nostalgia >> Roberto Carlos Maratta


Nostalgia

E de repente o brilho cessou no infinito vertical.
Um olho no olho deixou pendente o que ficou para ontem;
Deu-se de ombros e sobrou o enfeite de nossa trilha musical.
Pede aplausos, ensurdece com seu trilo marginal.
E não tem jeito.
Chega, empurra e derruba, ente bastardo e insensato;
Vem capenga, mas vem! Quer dar vida ao vurmo!
Sem pelagem, na nudez. Sem moldura, sem retrato.
Aflitivo é seu chegar trazendo maldade para o bem
E não adianta reclamar, dizer “não vem que não tem”.
Seu regresso é inevitável, já é sabido o seu surgir,
não faz rodeios, não pede permissão,
mortifica meu conforto; com justiça na conduta.
Ora é ela, ora é o sono
Ficam combinando suas permutas.
Reclamo por fazer, é velha companheira a quem escrevo
Está bem junto em epócas, sem temporadas definidas
Quando há sol que queima, quando há frio de concentrar a vida
Quando há árvores sem ornatos, quando há baile à fantasia
É senhora já de idade, madura, não vem por rebeldia.
Entre e sente-se, tenho café até para dois
Não diga uma palavra, como sempre faz. E depois
Ouça muda e entenda minhas lamúrias;
Tens que ir embora, há outros alguéns a lamentar
sobre amores e injúrias.