Nostalgia
E de repente o brilho
cessou no infinito vertical.
Um olho no olho deixou
pendente o que ficou para ontem;
Deu-se de ombros e sobrou
o enfeite de nossa trilha musical.
Pede aplausos, ensurdece
com seu trilo marginal.
E não tem jeito.
Chega, empurra e
derruba, ente bastardo e insensato;
Vem capenga, mas vem!
Quer dar vida ao vurmo!
Sem pelagem, na nudez.
Sem moldura, sem retrato.
Aflitivo é seu chegar
trazendo maldade para o bem
E não adianta reclamar,
dizer “não vem que não tem”.
Seu regresso é
inevitável, já é sabido o seu surgir,
não faz rodeios, não
pede permissão,
mortifica meu conforto; com
justiça na conduta.
Ora é ela, ora é o sono
Ficam combinando suas
permutas.
Reclamo por fazer, é velha
companheira a quem escrevo
Está bem junto em
epócas, sem temporadas definidas
Quando há sol que queima,
quando há frio de concentrar a vida
Quando há árvores sem
ornatos, quando há baile à fantasia
É senhora já de idade,
madura, não vem por rebeldia.
Entre e sente-se, tenho
café até para dois
Não diga uma palavra,
como sempre faz. E depois
Ouça muda e entenda
minhas lamúrias;
Tens que ir embora, há
outros alguéns a lamentar
sobre amores e injúrias.