segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Do Inferno

Há um inferno esperando para ser atravesssado. Cedo ou tarde, será lançada uma frequência que nos situe na terra-de-ninguém. Não há fogo para chamuscar nosso corpo; não acredito que seja um lugar concreto, debaixo da terra, como reza a mitologia. Cada um vive com seus demônios e coisas ruins que aludem ao inferno. Lendas percorrem os séculos personificando o anjo do mal; filmes, livros e, principalmente, a religião o definem das mais variadas formas: assustador, repugnante e até mesmo belo, mas sempre com o mesmo intuito de enganar e fazer o mal para as pessoas. [...]

Uma definição para inferno, de acordo com o meu velho companheiro Aurélio, é desordem, grande confusão. Tomando a fala do povo de que o inferno é aqui mesmo, na Terra! Fica algo relativo. O mundo dos homens é tão harmonioso cheio de horários e regras para tudo e caótico, ao mesmo tempo, com a teimosia e o “ser melhor” como regente. Regras... que nos transformam em robôs e escravos do papel timbrado ficando difícil por em prática os discursos filosóficos sobre o livre arbítrio. Muita asneira nos dois lados da moeda; imaginar cada um fazendo o que der na cabeça, para isso, não poderia, jamais, ter existido regras e nem dinheiro. Dinheiro! Palavrinha feia! Papel moeda fica mais bonitinho.

Vejo a vida como uma balança de dois pratos, dependendo de nós mesmos para ser justa. Tem o lado externo de nós, o mundo, o planeta em que vivemos e temos o lado interno, a nossa mente. Do mundo externo já foi feita uma retratação no parágrafo anterior. Agora, falar da mente é complicado, não tem uma receita que se possa seguir, nem mesmo o dono da mente tem pleno conhecimento e controle sobre ela em determinadas situações. Pensando sobre a relação inferno/mente, a reflexão parece fácil sobre o fato de nossas maiores desordens e confusões serem geradas a partir da mente. Há coisas que vêm “de fábrica”, que não tem como evitar, porém, existem outras que corremos atrás, gostamos de nos sentir mal, de viver no inferno. Por exemplo, quando não obtemos sucesso numa relação com a pessoa que julgávamos ser a ideal, fica o sentimento de frustração, e só, mas gostamos de ser vítima da situação, então ficamos remoendo lamentações. Carlos Drummond de Andrade colocou isso de forma clara “a dor é inevitável, o sofrimento é opcional”. Ou seja, a dor faz parte, veio programada em nós; já o sofrimento é um inferno criado por nós mesmos.

"Inferno, apenas há um. Não são os outros. Sou eu mesmo." - Jean-Edern Hallier

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